Uma imersão em edtech – Bett UK 2024

A última semana foi intensa.

Foi uma semana de imersão naquela que se afirma ser a maior exibição de tecnologia educativa do mundo, a #BettUK2024.

Um evento que une as áreas que mais me motivam e que são extensíveis ao mercado corporativo, a tecnologia e a educação.

A tecnologia educativa, #edtech, numa definição do departamento de educação do Reino Unido, refere-se à “prática do uso da tecnologia para apoiar o ensino e a gestão eficaz do dia-a-dia das instituições de ensino. Inclui hardware (como tablets, laptops ou outros dispositivos digitais) e recursos digitais, software e serviços que ajudam a auxiliar o ensino. Atender às necessidades específicas e ajudar o funcionamento diário das instituições de ensino (como sistemas de informação de gestão, plataformas de compartilhamento de informações e ferramentas de comunicação)

Ver Realising the potential of technology in education – GOV.UK (www.gov.uk).

Todas esta vertentes estão largamente representadas em mais de 600 expositores. Para mim, o mais importante foram as palestras e/ou workshops dinamizados em vários “palcos” e onde já se está muito para além da utilização ou não do digital.

Para além das grandes tendências como a inteligência artificial, a robótica ou a realidade virtual/aumentada, senti uma maior preocupação com a integração das diferentes soluções tecnológicas, um maior cuidado com a segurança e o bem-estar emocional.

Em Portugal está a fazer-se um caminho, mais lento do que o que todos desejaríamos, e há que olhar para os bons exemplos. Exemplos com os quais possamos aprender e/ou, pelo menos, não cometer os mesmos erros.

O mesmo relatório onde se lê a definição aqui citada, apresenta uma framework de mudança representada na imagem que se segue.

edtech framework, departamento de educação UK

Para mim foi claro, a comunicação deste evento, em particular os grandes fabricantes, centrou-se na necessidade de uma visão para o uso da tecnologia educativa. Parecendo evidente, esta não é a realidade portuguesa. A nossa realidade continua a ser muito mais de soluções ad hoc e com muito menos casos do que seria desejável, de utilização de forma estratégica.

Para isso contribuem alguma barreiras identificadas neste mesmo relatório e que também encontramos por cá, a saber:

  • ” A necessidade de infraestruturas modernas para lidar com ligações lentas à Internet e redes e dispositivos internos desatualizados;
  • A necessidade de uma maior capacidade e competências digitais, incluindo:
    • As competências para utilizar a tecnologia de forma eficaz;
    • A liderança para instigar a mudança e capacitar professores e alunos para serem utilizadores confiantes de EdTech;
    • Sensibilização para as ferramentas e conhecimentos especializados necessários para comparar e contrastar as diferentes opções tecnológicas;
  • A necessidade de capacidades de aquisição digital para fazer as escolhas certas na seleção e compra de produtos tecnológicos;
  • Preocupação com a privacidade, segurança e segurança de dados e como os prestadores de educação e os estudantes estão a ser protegidos;”

Para ultrapassar essas barreiras, as entidades oficiais têm de cumprir o seu papel, e cada agente tem também de dar o seu contributo.

É preciso existir maior apoio por parte dos implementadores de soluções, trazendo conhecimento e práticas para as comunidades educativas, é também preciso que essas mesmas comunidades não “diabolizem” os fabricantes e outros fornecedores. Só aproveitando o melhor contributo de todos podemos transformar o desafio no qual vivemos numa grande oportunidade.

Este é um trabalho continuo, com necessidade de revisão constante e é preciso coragem para fazer ajustes. É mais um desafio para as lideranças tendo, na minha opinião, como foco o aluno, que representa o futuro já presente.

Enquanto pai, enquanto estudante, e enquanto profissional deste setor, continuarei a dar o meu melhor e desejo inspirar cada vez mais pessoas a fazer o mesmo.

 

“A educação é um ato de amor. Por isso um ato de coragem.”
Paulo Freire

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