Entrevista com Hugo Carvalho (#3/21)

“Laços fortes são os nossos amigos e colegas íntimos, as pessoas em quem realmente confiamos. Laços fracos são os nossos conhecidos. (…) Os laços fortes geram vínculos, mas os fracos atuam como pontes: fornecem um acesso mais eficiente a novas informações. (…) Os laços fracos são mais favoráveis a abrir caminho para diferentes redes de relacionamentos, facilitando descobertas originais.

Adam Grant, in “Dar e receber”

Olá Hugo.

Quem te conhece sabe o quanto privilegias o networking no teu dia-a-dia, e que está incorporado nos vários “chapéus” que utilizas ao longo de um dia.

Isso leva a uma das perguntas que muitas vezes me colocam quando tu és referenciado… “Mas o que é que ele faz afinal?” E isto porque, de facto, és hiperativo e omnipresente 😊, estás envolvido em muitas atividades de áreas aparentemente muito diferentes.

Tenho assim de começar pelo “básico” …

Quem é o Hugo Carvalho? 

Hugo Miguel Carvalho, natural de Viseu, é professor universitário, CEO da neuro it, membro da administração da Fisicare, business angel, docente, investigador e clínico.

Possui uma formação diversificada, que vai desde o design às neurociências, passando pela gestão e engenharia, até às ciências médicas e forenses.

Doutorado em neurociências aplicadas em mapeamento cerebral de emoções com recolha de sinais neurofisiológicos pela Universidade da Beira Interior- Portugal.

É especialista em ciências da comunicação, por provas públicas, pelo ISCIA Aveiro e mestre em design e as neurociências com especialização em reabilitação cognitiva pela Universidade de Aveiro.

Foi graduado pela Duke University em medical neurosciences e graduado em docente de neurociências pela univerisidade de Buenos Aires.

Faz parte da administração e da equipa clínica e diretor da unidade de saúde mental na Fisicare em Aveiro.

É investigador do psylab-neurolab da Universidade de Aveiro, é diretor geral e director de investigação da neuro it e é business angel.

É professor na Universidade da Beira Interior, ISCAP, ISLA Gaia, IESS, ISCIA, Univerdidade Europeia e no AEAAV.

É fundador do projeto “Negocios à (sobre)mesa”, “PIGO”, “ABAC- aveiro business angels club”, “Geisertech” e é também embaixador nacional do “IGNITE portugal”.

É perito EQAVET pela ANQEP.

Para além disso foi distinguido nos últimos anos consecutivos como networker do ano do Negócios à (sobre)mesa (2014 a 2022).

É coautor do livro gestão de empresas com pessoas a bordo e autor do livro corporator: como evitar os principais erros de gestão.

Mas acima de tudo o Hugo é um relacionador de pessoas e um facilitador, é desta forma que me identifico enquanto pessoa.

 

 

Muitos eventos contam com os chamados momentos de networking, mas nunca acreditei nesse formato, até porque, de uma forma bastante crítica, os organizadores desses eventos apenas mudaram o nome de cofee break para momento de networking por questões de comunicação, pois esta é a tendência do momento”

Hugo Miguel Carvalho, in “Gestão de empresas com pessoas a bordo”

Conhecemo-nos há cerca de 12 anos (!) quando eras responsável pela Universidade Sénior de Vagos. Daí a termos um projeto tecnológico na área das neurociências foi um “saltinho”. Tive o orgulho de organizar contigo e outros amigos um IGNITE no museu do brincar em Vagos (algo que talvez fosse bom recuperar 😉) e, neste mês de Janeiro de 2023, fez 10 anos que começámos uma iniciativa denominada “Negócios à (sobre)mesa”.

Pegando nas duas citações que coloquei anteriormente, que espero tenham um bocadinho de provocação, pergunto-te:

O que é para ti o networking ? Como surge na tua vida e que importância lhe atribuis? O que é que esta iniciativa que tens conseguido manter te acrescenta a ti e a quem nela tem o privilégio de participar?

Para mim, o networking não é conhecer pessoas, não é fazer contactos, é sim, criar relações de confiança e incentivar uma rede de colaboração.

O networking surgiu em 2012 quando li o livro marketing pessoal és um produto de sucesso, o que me despertou, imediatamente a curiosidade, desta forma e a partir de contacto que já tinha conheci o projeto BNI que estava a iniciar tanto em Portugal como em Aveiro, e a partir desse momento tornou-se regra na minha vida.

O facto de estarmos, de dia para dia a ampliar e amplificar a nossa rede de contactos, faz com que sejamos nós os primeiros a ter conhecimento das oportunidades. Desta forma o networkig permite que tanto encontremos solução para os nossos problemas, como possamos ser a resposta para os problemas dos outros.

 

Referi o IGNITE e o Negócios à (sobre)mesa, há pelo menos uma participação como orador no TedX Oporto mas o teu tesouro ao nível de eventos, arrisco a dizer, é o PIGO ), organizado pelos alunos do curso profissional de multimédia do Agrupamento de Escolas de Albergaria-a-Velha, onde lecionas.  

É minha convicção que este evento tem muito de ti, onde os vários interesses da tua vida se unem e se colocam ao serviço de um melhor ensino e, em particular, da valorização do ensino profissional

Podes explicar um pouco como surge este evento? Em que consiste e que grandes vitórias já teve? E já agora, se não for pedir demais, o que esperas que seja alcançável num futuro próximo?

O PIGo é um evento, inspirado nos famosos eventos TEDx e IGNITE, que tem como propósito principal apresentar 3+14 oradores em palco, que em apenas 3,14 minutos, partilham com o público as grandes histórias responsáveis pelo seu sucesso, numa perspetiva de incentivo e superação.

O conceito original deste projeto está expresso na sua própria denominação. Se repararmos a marca PIGo é constituída por duas palavras: PI, que invoca a matemática e o conhecido 3,14 ; e a expressão inglesa Go, que expressa o dar início ao pitch pelo orador em palco.

Esta ligação de um evento de comunicação ao conceito puro de matemática apresenta a essência do projeto. Relembramos que Wittgenstein defendia a tese de que os teoremas matemáticos não são “descobertos” pelos seres humanos, mas sim construídos ou inventados por estes. O PIGo é um evento de comunicação inspiracional que não se baseia em grandes descobertas mas em historias construídas de superação onde o ser humano se (re)inventa.

O PIGo não define regras mas apresenta em forma de histórias alguns padrões diferenciais que permitem ao público imaginar e conceber novas escolhas de novos padrões que lhes permitem aplicar corretamente a regra que antes não conseguiam. Na verdade, aqui se forma a verdadeira diferença entre o thinking outside the box e o thinking beyond the box.

O PIGo define segundo este padrão todo o processo desde a conceção até a realização , e assim no dia 14-3 no horário das 3:14 , sobem ao palco 3+14 oradores que possuem apenas 3,14’’ minutos para contarem a historia da(s) sua(s) vida(s).

Históricamente, este evento foi criado em 2014, no âmbito do curso técnico profissional de Marketing, Comunicação e Relações publicas do Agrupamento de Escolas de Albergaria-A-Velha, tendo mais tarde incorporado na sua organização os alunos do curso profissional técnico de multimédia do mesmo agrupamento.

Desta forma, os alunos juntamente com os seu pais e encarregados de educação do Agrupamento de Escolas de Albergaria-A-Velha (AEAAV) levam todos os anos a cabo, desde 2014, a organização deste evento que começa a ser uma referencia nos eventos motivacionais nacionais e internacionais.

Assim e desta forma o PIGO, desde 2018 tonou-se, também, numa gala que reconhece com prémios carreira todos os oradores que sobem a palco.

Com O PIGO já fomos reconhecidos como escola amiga da criança, já recebemos condecorações da Comissão Europeia como evento inspiracional e promotor do empreendedorismo entre outros.

Como grande desafio temos a transnacionalização do evento para vários países e continentes, como já é o caso de Poznan na Polónia e Villadecans Barcelona, Espanha que já realizam o PIGO desde 2020 e 2021 respetivamente. Neste momento, encontarmos-nos a trabalhar a trasnacionalização do PIGO para a Amarica Latina , nomeadamente Brasil e Chile.

 

Com isto chegámos a uma das áreas que, nos dias de hoje, acaba por nos unir em mais horas de “discussão”, o ensino profissional. A Fundação José Neves lançou recentemente um guia sobre o ensino profissional: uma escolha com futuro .

Como professor do ensino superior e do ensino profissional, como pessoa que lida com tantas pessoas dos mais diversos setores, quando uma entidade como a Fundação José Neves faz uma guia tão profundo sobre ensino profissional, que mensagem gostarias de passar a quem nos está a ler e que têm na sua esfera de influência jovens que estão na fase em que ingressar no ensino profissional pode ser uma decisão (infelizmente) ainda tão difícil de tomar?

Sou um profundo conhecedor dos diferente modelos de ensino, oficiais, em Portugal desde o cientifico-humanísticos como do profissional, do Politécnico e do Universitário, e confesso que de acordo com o cenário socioeconómico, não só do país mas da europa, a necessidade emergente é de mão de obra qualificada e com elevadas competências, e este modelo, de acordo com as estruturas curriculares é mais, facilmente respondido pelos modelos de ensino do ensino profissional e ensino politécnico (superior). Neste sentido é fundamental a aposta seria, afirmada, responsável e emergente deste ensino no nosso país.

Acredito numa reforma estrutural neste sentido, pois vemos uma aposta forte de investimento sem precedentes neste sector, falta-nos agora uma reciclagem e muita formação à classe docente para poder estar à altura das competências a serem desenvolvidas para um futuro tão próximo como é o dia de amanhã.

Tenho que admitir que eu próprio tenho alguma dificuldade em me recordar de tudo o que estás envolvido, mesmo do que eu próprio também já possa ter estado envolvido. Alguma área que consideres fundamental e que ainda não te tenha perguntado e que queiras referir? Como sei que gostas muito de improvisar, deixo-te aqui a possibilidade de fazeres o teu “pitch”.

Não sei, tenho de partilhar que é algo que me perturba na minha vida, (estou envolvido em tantos projetos e iniciativas, que me esqueço com regularidade do meu dia a dia…) contudo estou disponível para poder ajudar quem precisar da minha colaboração e apoio, sou o Hugo Miguel Carvalho e estou ao vosso dispor ( +351 966137577).

 

Já te citei num artigo que escreveste no livro “Gestão de empresas com pessoas a bordo”, mas sei que tens mais um projeto em mãos.

Podes partilhar?

Sim, neste momento estão para sair mais 3 livros novos meus, peço que se mantenham atentos pois gostaria muito de ter todos os que nos leem nos momentos de lançamento.

 

E porque falamos de livros, e para não variar…

Que livro aconselharias a qualquer pessoa como “leitura obrigatória”?

confesso que poderia recomendar dezenas de publicações, mas não me levem a mal, gostaria muito que lessem 2 livros meus: o “corporator: como evitar os principais erros de gestão (Lançamento marcado para dia 25 de fevereiro na FNAC em Aveiro) e o networking (s)cem cenas 1º volume (a sair em abril) conto com todos neste momento.

Acredita que posso acrescentar valor aos seus projetos?